A Odontopediatria vai muito além de questões clínicas. Ela se concentra em criar ambientes acolhedores e experiências positivas para as crianças, visando estabelecer hábitos saudáveis e garantir uma base sólida para a saúde bucal ao longo da vida.
Neste artigo, aprofundaremos nos detalhes da anestesia em Odontopediatria, explorando desde o funcionamento do procedimento até as melhores práticas para garantir o conforto e a segurança das crianças.
Como funciona a Anestesia em Odontopediatria?
O procedimento de anestesia em odontopediatria é complexo e exige uma compreensão detalhada para assegurar resultados eficazes, e se inicia com uma avaliação criteriosa do paciente.
A idade da criança desempenha um papel significativo na escolha do tipo de anestesia, considerando as particularidades fisiológicas e psicológicas de cada faixa etária.
Além disso, a natureza da intervenção odontológica necessária é um fator determinante na decisão entre anestesia local e sedação consciente.
A administração precisa e segura dessas técnicas é essencial, respeitando os protocolos rigorosos para minimizar riscos e proporcionar uma experiência odontológica leve e tranquila.
Quando deve ser feito o uso de anestésicos em crianças?
A utilização de anestésicos na odontopediatria é indicado em situações que demandam procedimentos mais invasivos e potencialmente dolorosos.
Procedimentos como extrações dentárias, tratamentos de canal ou intervenções que possam gerar dor requerem a aplicação criteriosa de anestesia.
A decisão de utilizar anestesia em odontopediatria deve ser embasada na necessidade clínica específica de cada caso, priorizando sempre o conforto e bem-estar da criança.
A escolha do tipo de anestesia a ser empregado nesses contextos depende da complexidade do procedimento, da idade da criança e de fatores como ansiedade e colaboração do paciente.
Ao optar pela anestesia, os profissionais garantem uma abordagem cuidadosa e individualizada.
Proporcionando uma experiência odontológica que visa minimizar traumas e estabelecer um padrão positivo de cuidados bucais desde a infância.
Qual a melhor Anestesia para Odontopediatria?
A escolha criteriosa da anestesia em odontopediatria desempenha um papel fundamental na promoção de uma experiência positiva para a criança.
Dentre as opções disponíveis, cinco tipos de anestésicos odontológicos são comumente utilizados, com diferentes características e indicações específicas.
- A Lidocaína 2%, com adrenalina na proporção de 1:100.000, destaca-se, proporcionando eficácia localizada.
- A Prilocaína 3%, com felipressina 0,03 UI/ml, é indicada em casos de pacientes asmáticos.
- A Articaína 4%, com adrenalina, oferece uma ação mais duradoura, embora seja contraindicada para crianças menores de 4 anos.
- A Mepivacaína 2%, com vasoconstritor e adrenalina 1:100.000, possui uma ação duradoura.
- Já a Mepivacaína 2%, versão sem vasoconstritor, tem uma curta duração.
A decisão sobre qual anestésico utilizar deve ser guiada pela necessidade clínica
específica, considerando a idade da criança e a complexidade do procedimento, sempre visando a segurança e o conforto do paciente pediátrico.
É importante ressaltar que independentemente de qual anestésico for utilizado antes da aplicação é sempre necessário realizar a aplicação de anestésico tópico para minimizar o desconforto da criança no momento da anestesia local.
Como é feito o cálculo da quantidade a ser aplicada?
O cálculo preciso da quantidade de anestésico a ser administrado em crianças é um processo detalhado que demanda compreensão técnica e consideração de diversos fatores.
O cálculo deve ser feito multiplicando o peso da criança pela dose máxima recomendada para cada anestésico em mg/kg e dividir pelo valor que um tubete suporta (36 mg), assim, obtém-se o número de tubetes necessários na solução.
Os valores máximos que uma criança pode receber por peso são estabelecidos para cada tipo de anestésico em particular:
- Lidocaína : 4,4 mg por kg;
- Prilocaína: 6,0 mg por kg;
- Articaína: 5,0 mg por kg;
- Mepivacaína: 4,4 por kg, com ou sem vasoconstritor.
Considerando um cenário hipotético em que a criança apresenta um peso de 10 kg, a dose máxima de Lidocaína, por exemplo, seria calculada multiplicando 10 pelo valor máximo recomendado de 4,4 mg/kg, resultando em 44 mg.
Ao dividir esse valor pela capacidade de anestésico em um tubete, que é 36 mg, obtemos 1,2 tubetes.
Em conformidade com as práticas clínicas sugeridas, nesse contexto, a recomendação é arredondar a quantidade para baixo, resultando em 1 tubete.
Essa abordagem personalizada no cálculo da quantidade de anestésico contribui para uma administração segura e eficaz, respeitando as dosagens máximas estabelecidas para garantir o bem-estar do paciente pediátrico.
Como deve ser feita a anestesia em pacientes pediátricos?
A anestesia em pacientes pediátricos requer uma abordagem cuidadosa e estratégias específicas para garantir uma experiência positiva.
Vamos explorar alguns passos importantes para facilitar o processo:
Anamnese com os responsáveis
A etapa da anamnese com os responsáveis desempenha um papel fundamental na estratégia de preparação para a administração da anestesia em crianças na odontopediatria.
Durante essa fase, é indispensável que os profissionais obtenham informações detalhadas sobre o histórico médico da criança.
Incluindo qualquer condição médica pré-existente, alergias a medicamentos ou substâncias, e experiências anteriores no consultório odontológico.
Essa coleta minuciosa de dados proporciona uma compreensão abrangente do estado de saúde da criança, permitindo uma adaptação específica do plano anestésico de acordo com suas necessidades individuais.
Além disso, o estabelecimento de uma comunicação aberta durante a anamnese contribui para a construção de uma relação de confiança entre os profissionais de odontopediatria, a criança e seus cuidadores, aspecto primordial para o sucesso do tratamento odontológico.
Conversar com a criança
Estabelecer uma comunicação eficaz com a criança é uma habilidade vital na prática odontopediátrica, contribuindo significativamente para o sucesso da anestesia e de qualquer procedimento.
A explicação adequada do procedimento é essencial para assegurar que a criança compreenda o que está prestes a acontecer, reduzindo assim a ansiedade e o medo associados à visita ao dentista.
Os profissionais devem adotar uma linguagem adaptada à idade da criança, utilizando termos simples e não ameaçadores, para garantir uma compreensão clara.
Além disso, encorajar as crianças a expressarem suas perguntas e preocupações é relevante para estabelecer uma relação de confiança.
Ao responder de maneira honesta e empática, os profissionais podem dissipar apreensões, permitindo que a criança se sinta mais confortável durante o procedimento.
Essa interação positiva não apenas facilita a administração da anestesia, mas também contribui para a construção de uma atitude favorável em relação à saúde bucal, promovendo hábitos preventivos desde a infância.
Apresentar outros instrumentos que se pareçam com agulha
A estratégia de apresentar instrumentos que se assemelham a agulhas, mesmo que não sejam utilizados para anestesia, pode ajudar a familiarizar a criança com o ambiente odontológico.
A criança frequentemente manifesta apreensão em relação a objetos pontiagudos no consultório, como a seringa de ácido fosfórico, por exemplo.
Nesse contexto, a introdução de instrumentos visualmente similares a agulhas, seguida de uma explicação cuidadosa e empática por parte do profissional, tem o potencial de reduzir significativamente a ansiedade da criança.
Essa abordagem proativa contribui para a criação de um ambiente odontológico mais acolhedor, onde a criança se sente mais à vontade e confiante, mesmo diante dos procedimentos.
Ademais, essa técnica não apenas facilita o desenvolvimento de uma relação positiva entre o profissional e a criança, mas também estabelece as bases para uma experiência odontológica mais tranquila e colaborativa.
Aplique anestesia com distração
As estratégias de distração são práticas que transformam a relação entre o profissional e o paciente odontopediátrico.
Durante esse procedimento, os profissionais são incentivados a adotar abordagens que desviem a atenção da criança, minimizando a percepção do procedimento e reduzindo o desconforto associado.
A introdução de elementos de entretenimento, como desenhos animados personalizados ou a narrativa de histórias envolventes, pode cativar a atenção da criança, proporcionando um ambiente mais descontraído.
É válido até mesmo, entoar a música favorita da criança durante a aplicação da anestesia não apenas serve como uma forma de distração. Mas também contribui para a criação de uma atmosfera amigável e positiva no consultório odontológico.
Vale ressaltar a atenção à velocidade durante o processo de aplicação, pois quanto mais gradual e cuidadosa for a administração da anestesia, menor será a sensação de dor percebida pela criança.
Explique a sensação da operação para a criança
Esclarecer as sensações que a criança experimentará durante o procedimento é o princípio da construção da confiança.
Pois geralmente as crianças cultivam o medo do que ainda não conhecem, o que desencadeia a ansiedade.
Ao oferecer uma explicação detalhada e ilustrar com exemplos, o profissional proporciona à criança uma compreensão mais clara e familiariza-a com as sensações específicas que irá vivenciar.
É o caso de uma exodontia, onde o profissional pode abordar que apesar de estar anestesiada, a criança sentirá uma pressão com a movimentação do dente no alvéolo.
O procedimento pode ser exemplificado com um leve aperto na mão da criança para que ela compreenda que não se trata de uma sensação de dor.
Opção de sedação consciente
A opção de sedação consciente surge como uma alternativa estratégica em casos particulares.
Indicada principalmente diante de elevados níveis de ansiedade manifestados pela criança, essa abordagem visa criar um ambiente odontológico mais tranquilo e seguro para todos os envolvidos.
A administração cuidadosa de sedativos, sob supervisão rigorosa, possibilita o controle do estado de consciência da criança, mantendo-a relaxada e cooperativa durante o procedimento.
Essa opção, reservada para situações específicas, reflete uma prática fundamentada na busca pelo conforto do paciente pediátrico, além de facilitar a execução eficaz do tratamento odontológico.
Conclusão
Em conclusão, a administração de anestesia em odontopediatria requer uma abordagem especializada que considere não apenas os aspectos técnicos, mas também a psicologia infantil.
A colaboração efetiva com os responsáveis, a comunicação clara com a criança e a escolha adequada da anestesia são fatores-chave para garantir uma prática odontológica positiva e eficaz.
Os profissionais da odontologia devem buscar constantemente atualizações e aprimorar suas habilidades para proporcionar um ambiente seguro e acolhedor para as crianças, contribuindo assim para a construção de uma base sólida de cuidados odontológicos desde a infância.
Referências:
https://blog.dentalcremer.com.br/anestesia-em-pacientes-pediatricos/
https://simpatio.com.br/anestesia-odontopediatria/
https://www.dviradiologia.com.br/2021/10/30/aplicar-anestesia-em-pacientes-pediatricos-odontologicos
https://uniodontominas.com.br/anestesia-em-criancas-na-odontologia/
https://www.ivanvargas.com.br/anestesia-em-criancas-e-arriscado/
https://www.odontoup.com.br/o-melhor-conteudo-de-anestesia-em-odontopediatria-que-voce-vera
https://www.academiadaodontologia.com.br/calculo-da-dose-para-anestesicos-locais-em-odontopediatria/
*O texto acima não foi escrito por cirurgião dentista, portanto a EAP não se responsabiliza pelas informações, uma vez que não possuem caráter científico.