Na rotina clínica odontológica, a precisão dos procedimentos restauradores e reabilitadores depende de múltiplos fatores, e um deles, frequentemente negligenciado por muitos profissionais, é a escolha adequada do articulador odontológico.
Se você já se deparou com dificuldades em ajustar contatos oclusais em uma prótese ou teve retrabalho em reabilitações complexas, talvez a raiz do problema esteja no equipamento que você utiliza para simular os movimentos mandibulares.
Embora seja um instrumento essencial em especialidades como Prótese Dentária, Oclusão, DTM e Reabilitação Oral, ainda existem muitas dúvidas sobre qual articulador é mais adequado para cada caso clínico e para cada fase da carreira profissional.
Por isso, este artigo foi elaborado para ajudar você, cirurgião-dentista, a tomar decisões mais assertivas na aquisição e no uso do articulador odontológico, desde o estudante em formação até o especialista mais experiente.
Acompanhe este conteúdo técnico, prático e informativo, e descubra como o tipo de articulador pode impactar diretamente a qualidade dos seus resultados clínicos.

O que é um articulador odontológico?
O articulador odontológico é um dispositivo mecânico que simula, de maneira precisa ou simplificada, os movimentos mandibulares de um paciente.
Sua principal função é permitir que o profissional estude as relações maxilomandibulares fora do ambiente intraoral, promovendo previsibilidade clínica e facilitando a confecção de próteses, guias oclusais, planejamentos em reabilitação oral e intervenções em disfunções temporomandibulares (DTM).
Ao montar modelos de gesso ou digitais no articulador, o dentista consegue avaliar a oclusão, checar interferências, analisar guias anterior e lateral, e realizar ajustes em laboratório com maior segurança.
Isso proporciona economia de tempo clínico, redução de retrabalho e mais conforto para o paciente.

Como funciona um articulador odontológico?
O funcionamento de um articulador baseia-se na fixação dos modelos das arcadas superior e inferior, respeitando parâmetros anatômicos e funcionais obtidos do paciente.
Alguns modelos utilizam o arco facial para registrar a posição da maxila em relação à base do crânio, permitindo que os modelos sejam montados de forma mais precisa.
A simulação de movimentos mandibulares, como abertura, lateralidade, protrusão e retrusão, varia conforme o tipo de articulador.
Os dispositivos mais sofisticados reproduzem trajetórias condilares com base nos registros individuais do paciente, enquanto os mais simples operam com valores médios.
Essa funcionalidade é essencial para o ajuste oclusal em próteses fixas e removíveis, laminados cerâmicos, placas interoclusais e até em planejamentos digitais integrados com sistemas CAD/CAM.

Tipos de articuladores usados na odontologia
A escolha do articulador ideal exige conhecimento sobre suas classificações.
De acordo com o grau de fidelidade com que reproduzem os movimentos mandibulares, os articuladores são divididos em três tipos principais:
Articuladores não ajustáveis
Também conhecidos como articuladores simples ou de charneira, esses dispositivos permitem apenas movimentos de abertura e fechamento.
Não reproduzem trajetórias condilares nem guias oclusais, o que limita sua aplicação a casos muito básicos, como confecção de modelos de estudo ou próteses provisórias.
São mais acessíveis financeiramente, porém oferecem baixa precisão.
Seu uso não é indicado para reabilitações complexas nem para pacientes com disfunções oclusais.

Articulador ajustável
O articulador totalmente ajustável permite configurar os movimentos mandibulares com base em registros específicos de cada paciente, como trajeto condilar, ângulo de Bennett e distância intercondilar.
Embora exija maior tempo para montagem e calibração, oferece alta precisão em simulações.
É indicado para casos que demandam máxima fidelidade, como reabilitações totais, pacientes com DTM ou em estudos de casos complexos.
Contudo, seu custo elevado e curva de aprendizado acentuada o tornam mais apropriado para especialistas experientes ou centros de ensino e pesquisa.

Articulador semiajustável
O articulador semiajustável é o modelo mais utilizado na prática clínica diária.
Ele oferece um excelente equilíbrio entre funcionalidade, precisão e custo.
Permite simular lateralidade, protrusão e abertura mandibular com base em valores médios anatômicos ou registros individuais simplificados.
Dentro dessa categoria, existem dois subtipos importantes:
Arcon
O articulador Arcon possui as guias condilares localizadas na parte superior, como na anatomia humana real.
Esse design favorece uma reprodução mais fiel dos movimentos mandibulares e é amplamente utilizado em prótese e reabilitação oral.
Sua montagem é intuitiva e proporciona mais naturalidade nos registros.
Não Arcon
Já o modelo Não Arcon posiciona as guias condilares na parte inferior, o que pode causar alterações na simulação dos movimentos.
Apesar disso, pode ser útil em procedimentos laboratoriais específicos, especialmente em contextos educacionais ou de baixo custo.

Como escolher o articulador?
Ao selecionar o articulador ideal, é necessário avaliar múltiplos critérios clínicos e operacionais.
A escolha não deve ser pautada apenas no preço, mas sim na previsibilidade que ele oferece para o seu tipo de atendimento.
Habilidades do dentista
Dentistas em formação ou com menor domínio em oclusão funcional podem optar por modelos semiajustáveis mais simples.
Já profissionais com experiência e foco em reabilitações extensas, oclusão ou DTM devem investir em articuladores mais sofisticados, capazes de reproduzir com maior precisão os movimentos mandibulares personalizados.
Público-alvo
A complexidade dos casos atendidos influencia diretamente na escolha.
Se seu consultório realiza procedimentos estéticos avançados, restaurações indiretas ou reabilitações totais, um articulador semiajustável ou totalmente ajustável é indispensável.
Para clínicas com foco em atendimento básico ou pediatria, modelos mais simples podem ser suficientes.

Priorize a durabilidade
A qualidade dos materiais e a robustez do equipamento impactam diretamente na vida útil e na confiabilidade do articulador.
Prefira marcas reconhecidas, com boa assistência técnica, peças intercambiáveis e possibilidade de calibração.
Avalie o custo-benefício
O investimento em um bom articulador pode parecer alto no início, mas evita perdas clínicas, retrabalhos e insatisfação do paciente.
Analise o retorno técnico e financeiro a médio e longo prazo.
Articuladores modulares ou com versões digitais integradas ao CAD/CAM também podem ser alternativas viáveis para otimizar o fluxo de trabalho.

Quais modelos de articulador são recomendados para estudantes?
Para acadêmicos de odontologia ou recém-formados, recomenda-se iniciar com articuladores semiajustáveis de entrada, com design Arcon, que permitam a familiarização com os conceitos de oclusão e movimentos mandibulares.
Modelos com montagem por arco facial (mesmo com valores médios) já oferecem uma experiência didática valiosa.
Marcas que ofereçam kits completos para estudantes, incluindo arco facial, transferidor e suporte, também são boas opções.
À medida que o conhecimento avança, o dentista pode migrar para versões mais completas e ajustáveis.

Qual é a diferença entre um articulador e um oclusor?
É comum confundir os dois dispositivos, mas há diferenças fundamentais entre o articulador e o oclusor.
O oclusor é um dispositivo mais simples, que simula apenas a oclusão estática entre as arcadas, sem representar movimentos mandibulares dinâmicos.
Já o articulador, especialmente os modelos semiajustáveis e ajustáveis, permite uma simulação tridimensional mais completa, incluindo trajetórias condilares, lateralidade e guias anteriores.
Enquanto o oclusor pode ser utilizado para montagem de modelos para diagnóstico inicial, o articulador é imprescindível em planejamentos reabilitadores mais complexos.

Como cuidar do articulador odontológico?
A longevidade e a precisão do articulador dependem diretamente de sua manutenção adequada.
Seguem algumas orientações práticas:
- Limpeza periódica: Após cada uso, remova resíduos de gesso ou cera com pano úmido. Evite solventes agressivos.
- Lubrificação dos eixos móveis: Use óleo específico para equipamentos odontológicos, conforme recomendação do fabricante.
- Armazenamento: Guarde o articulador em local seco, protegido contra impactos e poeira. Sempre que possível, mantenha-o desmontado.
- Calibração: Alguns modelos requerem ajustes periódicos para manter a precisão. Verifique as instruções técnicas ou envie à assistência autorizada.
- Treinamento da equipe: Garanta que todos os profissionais e técnicos saibam manusear e montar corretamente o articulador.

Conclusão
Escolher o articulador odontológico ideal é uma decisão estratégica que impacta diretamente na qualidade dos atendimentos, na previsibilidade clínica e na eficiência dos tratamentos reabilitadores.
Seja você um profissional em início de carreira ou um especialista com atuação consolidada, investir no equipamento adequado e utilizá-lo com excelência representa um diferencial competitivo e clínico.
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Seu futuro profissional começa com uma decisão bem fundamentada.
Referências:
https://blog.suryadental.com.br/articulador-odontologico
https://www.idealodonto.com.br/blog/como-escolher-articulador-odontologico-ideal-seu-consultorio/
https://www.dentaltix.com/pt/blog/tipos-articuladores-dentarios-semiajustaveis-e-ajustaveis
https://simpatio.com.br/articulador-semi-ajustavel
*O texto acima não foi escrito por cirurgião dentista, portanto a EAP não se responsabiliza pelas informações, uma vez que não possuem caráter científico.