Nos últimos anos a tecnologia aplicada aos tratamentos ortodônticos tem melhorado não só o tempo de duração dos tratamentos como também a qualidade dos resultados.
O movimento dental durante o tratamento ortodôntico é obtido por meio de forcas aplicadas aos dentes por intermédio dos fios ortodônticos tendo como interface os brackets que transmitem a força dos fios aos dentes.
A tecnologia aplicada aos brackets atuais tem produzido um slot extremamente liso o que permite que os fios quando colocados dentro dos brackets tenham um mínimo de atrito, facilitando assim os movimentos dentários.
O tipo de fixação dos fios dentro dos brackets que antigamente eram feitos com fios de amarrilho finos, foram posteriormente substituídos pela ligas elásticas de fixação – as famosas “borrachinhas”, que foram largamente usadas e apreciadas pelos pacientes uma vez que podiam ser trocadas mensalmente mudando-se a cor, dando assim uma certa motivação ao paciente na colaboração com o tratamento. O problema é que além da alta quantidade de placa bacteriana acumulada nas ligaduras, o atrito gerado entre o fio e o bracket por causa da força elástica faz com que o deslizamento do fio pelo slot seja mais lento.
Com o advento dos brackets auto-ligáveis, houve uma grande diminuição do atrito, parecido com aquele obtido com os amarrilhos metálicos, porém com muito mais facilidade de rapidez no atendimento.
Após a melhora com relação ao atrito gerado dentro do slot, a industria se voltou para trabalhar na qualidade dos fios ortodônticos.
A qualidade esperada de um fio ortodôntico é a que uma vez ocorrido uma deformação do fio provocada pelo apinhamento, esse fio possa voltar a posição original, desprendendo uma força o mais leve e continua possível. E Isso foi obtido com a utilização dos fios de liga de níquel e titânio – Niti – que tem a propriedade de memória, ou seja, uma vez dada a forma final ao arco, independente da deformação causada pela maloclusão, esse fio sempre volta a forma original.
O mais moderno avanço na qualidade dos fios, é o desenvolvimento dos fios termo-ativados, que podem ser modificados a baixa temperatura, e ao atingir a temperatura normal da cavidade oral, eles tendem a voltar a posição original, de forma mais lenta e gradual do que os fios de Níquel Titânio, dando assim alem de mais conforto ao paciente – movimentação mais suave e continua, significa menos pressão sobre o ligamento periodontal e consequentemente menos dor – faz com que aja uma bio-adaptação do osso alveolar, determinando menor grau de inclinação dos dentes, obtendo um controle do movimento mais perto do movimento de corpo, que é o movimento ideal que poderíamos obter com uma força aplicada ao dente. Esse movimento basal do osso alveolar, tem diminuído substancialmente o índice de extrações nos tratamentos ortodônticos.
Varias marcas comerciais de fios termo ativados existem no mercado, e orientamos o profissional que deles vá se utilizar, que compre os arcos de bons fabricantes, que forneça os gráficos de confecção dos fios para que possamos saber a que temperatura esses fios tem sua faixa de movimentação ideal e qual a relação de carga deflexão que esse fios vão provocar nos dentes a serem movimentados.
Prof. Dr. Mustaphá Amad Neto
Coordenador do curso de especialização em ortodontia e ortopedia facial da EAPGOIAS