21 out 2025
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Biofilme na Odontologia: Como é tratado? 

Imagem digitalmente criada mostra removendo pela profilaxia biofilme dos dentes.

Você já parou para refletir sobre o quanto o biofilme influencia diretamente em praticamente todos os desafios que enfrentamos na prática odontológica?

Essa fina camada microbiana, muitas vezes invisível a olho nu, está na raiz de condições que variam desde a simples cárie até quadros complexos de periodontite e peri-implantite.

Para o cirurgião-dentista, compreender profundamente a dinâmica do biofilme na odontologia não é somente uma questão de conhecimento acadêmico, mas uma ferramenta indispensável para diagnósticos precisos, tratamentos eficazes e, sobretudo, estratégias preventivas que podem transformar a rotina clínica.

Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que é o biofilme dental, seus diferentes tipos, como se forma e quais riscos pode trazer para a saúde bucal e sistêmica.

Imagem criada digitalmente mostram dentes com biofilme sendo limpos pelo dentista
Compreender o biofilme na odontologia é essencial para prevenir doenças orais, pois ele está diretamente associado à formação de cáries, gengivite e periodontite. (Reprodução/IStock)

O que é biofilme dental?

O biofilme dental pode ser definido como uma comunidade microbiana organizada, composta por bactérias, fungos e vírus, envoltos em uma matriz extracelular de polissacarídeos, proteínas e substâncias derivadas da saliva.

Diferente de uma simples camada bacteriana, o biofilme apresenta uma estrutura complexa, na qual os microrganismos estabelecem interações metabólicas e de defesa que lhes conferem maior resistência a antimicrobianos e ao sistema imune do hospedeiro.

Na odontologia, essa formação é considerada um dos principais fatores etiológicos das doenças orais infecciosas.

A sua presença constante, aliada ao metabolismo dos microrganismos que produzem ácidos e toxinas, é capaz de alterar o equilíbrio do ecossistema bucal e desencadear processos inflamatórios de difícil controle.

Desenho de dente com biofilme na odontologia
O biofilme dental é uma comunidade microbiana organizada, aderida às superfícies dentárias, envolta por uma matriz extracelular que protege as bactérias e dificulta sua remoção mecânica. (Reprodução/Dreamstime)

Tipos de biofilme na odontologia

O biofilme não é uniforme e varia de acordo com a localização anatômica, a composição microbiana e as condições ambientais da cavidade oral.

Podemos classificá-lo em três principais categorias:

Supragengival

Localiza-se acima da margem gengival, principalmente nas superfícies lisas dos dentes, áreas proximais e fissuras oclusais.

É o tipo mais associado à formação de cáries dentárias, pois o metabolismo das bactérias acidogênicas presentes nesse biofilme favorece a desmineralização do esmalte.

Antes e depois de limpeza de dentes com biofilme.
O biofilme supragengival forma-se acima da margem gengival e está principalmente relacionado ao desenvolvimento de cáries e inflamações gengivais iniciais. (Reprodução/Eilersten Dental Care)

Subgengival

Encontra-se abaixo da margem gengival, colonizando bolsas periodontais.

Nesse ambiente anaeróbio, predominam microrganismos patogênicos periodontais, como Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia e Treponema denticola.

A presença desse biofilme está fortemente relacionada à gengivite e à periodontite, sendo responsável por destruição tecidual progressiva.

Peri-implantar

Forma-se em torno de implantes dentários, geralmente associado à má higienização e ao acúmulo de resíduos.

Esse biofilme apresenta composição semelhante ao subgengival, mas com características particulares devido à superfície do implante.

 É o principal fator etiológico da mucosite e da peri-implantite, complicações que comprometem a longevidade dos tratamentos reabilitadores.

Implantes com biofilme dental.
O biofilme peri-implantar se acumula na superfície de implantes dentários e, se não controlado, pode levar à mucosite ou à peri-implantite, comprometendo a estabilidade óssea ao redor do implante.

Como se forma o biofilme?

O processo de formação do biofilme na odontologia ocorre em diferentes fases, cada uma delas marcada por eventos microbiológicos específicos que tornam a comunidade cada vez mais complexa e resistente.

1ª fase: Adesão

Logo após a escovação, forma-se uma película adquirida sobre a superfície dental, composta por glicoproteínas salivares.

Essa película serve como substrato para a adesão inicial de bactérias pioneiras, como Streptococcus mutans e Streptococcus sanguinis.

2ª fase: Colonização

Com a adesão inicial estabilizada, ocorre a proliferação bacteriana e a chegada de microrganismos secundários, que se ligam às bactérias pioneiras por meio de interações de co-agregação.

O ambiente se torna mais favorável à diversidade microbiana.

Colônia de bactérias que formam biofilme.
Durante a fase de colonização, micro-organismos pioneiros aderem à película adquirida do dente, permitindo que bactérias secundárias se fixem e formem uma estrutura microbiana complexa e madura. (Reprodução/ICB-USP)

3ª fase: Maturação

O biofilme adquire uma estrutura tridimensional organizada, com canais de nutrientes e zonas específicas de atividade metabólica.

Nessa fase, a matriz extracelular já está bem estabelecida, garantindo maior proteção aos microrganismos.

4ª fase: Dispersão

Alguns microrganismos se destacam da comunidade madura e colonizam novas superfícies, ampliando a disseminação do biofilme.

Essa etapa é fundamental para a persistência do desequilíbrio microbiológico na cavidade oral.

Fases da formação e disperção do biofilme.
Na imagem é possível visualizar como as bactérias se agrupam até se dispersarem. (Reprodução/IStock)

Como verificar se o paciente tem biofilme?

O diagnóstico clínico do biofilme na odontologia pode ser feito por inspeção direta, porém, muitas vezes, a visualização é limitada.

Nesse contexto, o uso de soluções evidenciadoras se torna essencial, pois permitem identificar áreas de acúmulo e diferenciar biofilme recente de biofilme maduro.

No ambiente clínico, instrumentos periodontais, sondagem e exames radiográficos complementam a avaliação, sobretudo para detectar biofilme subgengival e peri-implantar.

Além disso, tecnologias modernas como microscopia de contraste de fase e testes microbiológicos moleculares possibilitam um mapeamento ainda mais preciso da microbiota oral.

Dentista limpando dente de paciente.
A presença de biofilme pode ser identificada visualmente ou por meio de reveladores de placa, que evidenciam áreas de acúmulo bacteriano e auxiliam na orientação do paciente sobre higiene bucal.

Quais são os riscos ao ter biofilme dental?

A presença contínua do biofilme está associada a diversas complicações locais e sistêmicas:

  • Cárie dentária: resultado da produção de ácidos orgânicos que promovem desmineralização do esmalte e da dentina.
  • Doença periodontal: inflamação gengival, destruição do ligamento periodontal e perda óssea alveolar.
  • Complicações peri-implantares: mucosite e peri-implantite, que comprometem a osseointegração.
  • Halitose: causada pela produção de compostos sulfurados voláteis por bactérias anaeróbias.
  • Repercussões sistêmicas: risco aumentado de endocardite infecciosa, complicações em pacientes diabéticos, partos prematuros e até alterações em quadros respiratórios.

Esses riscos reforçam a necessidade de controle rigoroso e contínuo do biofilme, tanto em âmbito preventivo quanto terapêutico.

Senhora checando seu hálito com a mão.
O biofilme dental não controlado pode causar inflamação gengival, perda de inserção periodontal, reabsorção óssea e até falhas em tratamentos restauradores e implantares. (Reprodução/IStock)

Como tratar a placa bacteriana?

O tratamento do biofilme na odontologia requer uma abordagem multifatorial, que envolve tanto o manejo profissional em consultório quanto a adesão do paciente às medidas domiciliares.

  • Controle em casa: escovação criteriosa, uso de fio dental, escovas interdentais;
  • Profilaxia: limpeza periódica realizada pelo dentista;
  • Controle químico: utilização de enxaguatórios antissépticos (clorexidina, cloreto de cetilpiridínio, óleos essenciais) que reduzem a carga bacteriana;
  • Protocolos clínicos modernos: o Guided Biofilm Therapy (GBT) tem ganhado destaque por integrar métodos minimamente invasivos, como airflow, piezon ultrassônico e polimento suave, resultando em remoção eficaz e maior conforto ao paciente;
  • Educação do paciente: orientações personalizadas de higiene oral, de acordo com as necessidades individuais e condições sistêmicas associadas.
Dentes com produto para remover biofilme.
O tratamento da placa bacteriana envolve a remoção mecânica por escovação e uso de fio dental, associada à profilaxia profissional. (Reprodução/Affinity Dental Clinics)

Como se prevenir do biofilme?

A prevenção é sempre a estratégia mais eficaz no controle do biofilme.

 Para isso, recomenda-se:

  • Consultas periódicas de manutenção preventiva.
  • Higienização oral adequada e supervisionada pelo cirurgião-dentista.
  • Uso de escovas elétricas e dispositivos auxiliares que aumentam a efetividade da limpeza.
  • Implementação de protocolos motivacionais no consultório, estimulando a adesão do paciente às práticas de autocuidado.
  • Orientação sobre fatores de risco, como dieta rica em açúcares, tabagismo e doenças sistêmicas que favorecem o desequilíbrio microbiano.
Dentista limpando entre contenção do paciente e olhando com espelho.
A prevenção do biofilme na odontologia depende da manutenção de uma higiene bucal adequada, consultas periódicas com o cirurgião-dentista e orientações personalizadas de controle de placa. (Reprodução/Shutterstock)

Conclusão

O biofilme representa um dos maiores desafios da odontologia moderna, pois está diretamente relacionado às doenças orais mais prevalentes e às complicações que afetam a longevidade de tratamentos reabilitadores.

Reconhecer sua formação, compreender seus riscos e dominar protocolos de tratamento e prevenção são passos fundamentais para oferecer um atendimento de excelência.

Na EAP Goiás, entendemos que o conhecimento atualizado é a chave para transformar a prática clínica.

Há mais de quatro décadas, a instituição se dedica à formação de cirurgiões-dentistas comprometidos com a ciência e a inovação, oferecendo cursos de especialização que unem teoria sólida e prática qualificada.

Se você deseja aprofundar seus conhecimentos e elevar sua carreira, conheça o curso de especialização da EAP Goiás e descubra outras formações que podem abrir novas possibilidades para sua atuação profissional.

Referências:

https://www.codental.com.br/blog/biofilme-na-odontologia-saiba-como-controlar-esse-problema

https://profilatica.com.br/biofilme-o-inimigo-oculto-dos-dentistas/

https://saevo.com.br/blog/placa-bacteriana/

https://www.cannabisesaude.com.br/biofilme-dental/

*O texto acima não foi escrito por cirurgião dentista, portanto a EAP não se responsabiliza pelas informações, uma vez que não possuem caráter científico.

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