17 dez 2025
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Tudo sobre a Saúde Bucal do Idoso

Dentista atendendo paciente idosa

A cada ano, o número de pacientes idosos atendidos nas clínicas odontológicas cresce de forma expressiva. E, quando olhamos para esse cenário, percebemos um conjunto de desafios que vão além da técnica convencional.

Atender o paciente idoso exige sensibilidade, conhecimento multidisciplinar e uma compreensão ampliada das mudanças fisiológicas e comportamentais que acompanham o envelhecimento.

Por isso, conversar sobre saúde bucal do idoso é fundamental para que o cirurgião-dentista compreenda como orientar, prevenir e intervir de forma efetiva.

À medida que o profissional se aprofunda na temática, torna-se evidente que pequenas adaptações no atendimento geram grande impacto na qualidade de vida dessa população.

Além disso, compreender os riscos ampliados, como a prevalência de xerostomia, doença periodontal e lesões da mucosa, permite intervenções mais precisas e previsíveis.

Portanto, ao longo deste artigo, vamos explorar como o envelhecimento influencia a cavidade bucal, como direcionar estratégias de cuidado e quais doenças merecem atenção redobrada.

O objetivo é transformar conhecimento técnico em prática clínica eficiente e humanizada, oferecendo ao profissional uma visão completa da saúde bucal do idoso e seu papel na prevenção e na manutenção da funcionalidade oral.

Dentista vai iniciar avaliação em boca de paciente idosa.
O tratamento da saúde bucal do idoso exige abordagem diferenciada devido a alterações sistêmicas, uso contínuo de medicamentos e possíveis limitações motoras ou cognitivas. (Reprodução/Shutterstock)

O que é odontogeriatria?

A odontogeriatria é a área da odontologia dedicada ao cuidado da saúde bucal de indivíduos com 60 anos ou mais.

Essa especialidade aborda as repercussões do envelhecimento sobre dentes, periodonto, mucosa oral, funções mastigatórias e articulares, além de considerar aspectos sistêmicos próprios dessa etapa da vida.

Nessa fase, os pacientes apresentam maior prevalência de doenças crônicas, polifarmácia e redução de capacidades funcionais.

Por isso, o atendimento odontogeriátrico requer protocolos personalizados, planejamento interdisciplinar e abordagem preventiva intensificada.

A atuação do cirurgião-dentista inclui manejo de xerostomia, cárie radicular, periodontite avançada, lesões de mucosa, adaptações protéticas e orientações específicas ao paciente, familiares e cuidadores.

Com isso, a odontogeriatria contribui diretamente para melhorar a saúde geral, visto que a cavidade bucal influencia alimentação, imunidade, socialização e bem-estar emocional.

O profissional que compreende essa dinâmica consegue atuar com maior segurança e efetividade diante das particularidades desse grupo etário.

Dentista realizando limpeza em boca de paciente.
A odontogeriatria é a especialidade que estuda, previne e trata as condições bucais específicas do paciente idoso, considerando suas particularidades fisiológicas e sistêmicas. (Reprodução/Everypixel)

Como é o atendimento odontológico ao idoso?

O atendimento ao idoso deve começar por uma anamnese detalhada e atualizada, considerando medicações, histórico de internações, limitações motoras e declínio cognitivo.

Avaliações rotineiras precisam incluir análise da saliva, inspeção minuciosa da mucosa e detecção precoce de lesões que podem sugerir infecções, traumas protéticos ou neoplasias.

A consulta deve ser conduzida com calma, utilizando comunicação clara e verificando sempre a compreensão do paciente.

Em muitos casos, a presença de um acompanhante ou cuidador facilita decisões terapêuticas e adesão ao tratamento.

No que se refere ao ambiente, ajustes simples fazem diferença: iluminação direcionada, cadeira com inclinação moderada, apoio para cabeça e pausas mais frequentes durante procedimentos longos.

Além disso, o planejamento clínico para saúde bucal do idoso deve priorizar a funcionalidade e o conforto.

Procedimentos invasivos exigem avaliação criteriosa, principalmente em pacientes com doenças cardiovasculares, osteoporose, diabetes descompensada ou em uso de anticoagulantes.

Assim, o dentista garante segurança biológica, previsibilidade e adaptação às condições sistêmicas do idoso.

Dentista analisando dentes de paciente idosa.
O atendimento para saúde bucal do idoso envolve planejamento individualizado, avaliação dos medicamentos em uso, adaptação do tempo clínico e técnicas minimamente invasivas. (Reprodução/Oleggg/Shutterstock)

Importância do atendimento odontológico domiciliar ao idoso

O atendimento odontológico domiciliar representa uma alternativa valiosa para idosos acamados, dependentes ou com mobilidade reduzida.

Essa modalidade amplia o acesso ao cuidado e possibilita intervenções preventivas antes do agravamento de problemas bucais.

Durante a visita domiciliar, o profissional consegue observar fatores ambientais que interferem na saúde bucal, como disponibilidade de escovas, rotina de higiene e suporte oferecido pelos cuidadores.

Essa visão integral favorece orientações personalizadas e estratégias mais efetivas.

Além disso, a odontologia domiciliar reduz riscos associados ao deslocamento, principalmente para pacientes com limitações cardiorrespiratórias ou neurológicas.

E, quando praticada de forma regular, ajuda a prevenir quadros graves, como infecções, estomatites protéticas, traumas por próteses mal adaptadas e piora da xerostomia.

Dessa forma, o atendimento domiciliar fortalece o cuidado humanizado e promove qualidade de vida.

Dentistas tratando idosa em domicilio.
Confira nossa matéria sobre Odontologia Domiciliar, que além da saúde bucal do idoso, pontuamos outros casos que são necessários o atendimento domiciliar. (Reprodução/Jornal Atual)

Como o idoso deve cuidar da saúde bucal?

Os cuidados diários precisam ser adaptados às limitações físicas e cognitivas.

Por isso, a orientação profissional deve ser objetiva e prática.

A seguir, apresentamos os principais pontos que devem ser incluídos em qualquer protocolo clínico voltado ao idoso.

Higienização correta das próteses

A higienização das próteses deve ser realizada diariamente, com uso de escovas próprias, sabão neutro e água corrente.

É fundamental orientar o paciente sobre evitar pastas abrasivas, pois elas desgastam a superfície acrílica.

Próteses totais devem ser retiradas antes de dormir e mantidas em recipiente com água limpa.

Além disso, o dentista deve reforçar a importância de revisões periódicas para ajustes, substituição de próteses antigas e avaliação de sinais de estomatite protética.

No caso de próteses parciais removíveis, a inspeção dos grampos e da estrutura metálica deve ser reforçada, assim como a higiene dos dentes pilares.

Limpando prótese dentária removível com escova de dente na pia do banheiro.
A higienização correta das próteses é essencial para prevenir estomatites, mau odor e acúmulo de biofilme, garantindo maior conforto e durabilidade ao dispositivo protético. (Reprodução/Shutterstock)

Remover saburra lingual

A limpeza da língua reduz a halitose, melhora a percepção do sabor e diminui o acúmulo bacteriano.

O uso de raspadores linguais é recomendado, mas escovas macias também podem ser utilizadas.

O ideal é orientar movimentos gentis e regulares, evitando traumas na mucosa atrófica, comum na terceira idade.

O idoso também deve usar fio dental

Mesmo com limitação de destreza manual, o uso do fio dental é essencial, especialmente diante da maior incidência de cárie radicular.

Para idosos com dificuldade de manuseio, o fio com haste auxiliadora ou dispositivos interdentais pode facilitar a remoção do biofilme.

O profissional deve sempre demonstrar a técnica, considerando a anatomia individual e eventuais recessões gengivais.

Dentista vai passar fio dental forquilha em idosa.
Outra etapa na saúde bucal do idoso é o uso do fio dental como parte da higiene bucal diária, especialmente quando ainda possui dentes naturais ou próteses parciais removíveis. (Reprodução/Dreamstime)

Hidratação adequada

A hidratação desempenha papel importante no controle da xerostomia.

Idosos tendem a ingerir menor quantidade de água ao longo do dia, frequentemente devido a limitações físicas, rotina inadequada ou presença de doenças.

Estimular a ingestão hídrica, uso de saliva artificial e balas sem açúcar auxilia na lubrificação da cavidade oral.

Além disso, a revisão de medicamentos que reduzem o fluxo salivar deve ser discutida com o médico responsável.

Manter visitas frequentes ao dentista

Atendimentos trimestrais oferecem maior previsibilidade no acompanhamento do idoso.

Essa periodicidade permite controle mais eficiente de doenças periodontais, lesões traumáticas e condições protéticas.

Consultas frequentes também facilitam a educação em saúde e o fortalecimento da relação entre paciente, cuidador e profissional.

Idosa e dentista estão conversando no consultório.
Visitas frequentes ao dentista são fundamentais para monitorar a saúde bucal do idoso, prevenir doenças e ajustar próteses conforme as mudanças anatômicas da boca. (Reprodução/IStock)

Cuidados com idosos dependentes

Idosos dependentes necessitam de acompanhamento diário para garantir que a higiene bucal seja realizada corretamente.

Cuidadores devem ser treinados para utilizar escovas infantis ou ultramacias, gaze embebida em solução antisséptica suave e técnicas adaptadas de escovação.

A supervisão do dentista é essencial para prevenir infecções, lesões traumáticas e acúmulo excessivo de biofilme.

Cuidados com idosos acamados

No caso de pacientes acamados, o risco de pneumonia aspirativa aumenta quando há presença de biofilme espesso.

Por isso, a higiene bucal deve ser rigorosa, preferencialmente com o paciente em decúbito elevado.

Escovas macias, gaze umedecida e uso criterioso de antissépticos auxiliam na redução de carga microbiana.

O acompanhamento profissional regular evita complicações sistêmicas e contribui para o bem-estar geral.

Idosa está acamada segurando uma escova de dente. A cuidadora chega com jarra de água e toalha.
Idosos acamados exigem cuidados especiais, como limpeza bucal assistida, prevenção de aspiração e monitoramento de lesões decorrentes de ressecamento da mucosa. (Reprodução/DepositPhotos)

5 doenças bucais mais comuns em idosos

O envelhecimento modifica a cavidade oral e amplia a vulnerabilidade a doenças.

Por isso, conhecer as alterações clínicas mais prevalentes é fundamental para o diagnóstico precoce e o manejo assertivo.

Lesões da mucosa bucal

A mucosa oral fica mais fina, sensível e suscetível a traumas na terceira idade.

Lesões recorrentes podem surgir por próteses desadaptadas, xerostomia, infecções fúngicas e deficiências nutricionais.

A presença de áreas eritematosas persistentes exige atenção, já que alguns quadros podem evoluir para lesões displásicas.

O acompanhamento periódico é essencial para detecção precoce de alterações potencialmente malignas.

Tem lesão branca na mucosa bucal.
As lesões da mucosa bucal no idoso devem ser avaliadas continuamente, pois podem indicar desde traumas por próteses mal adaptadas até doenças sistêmicas ou câncer. (Reprodução/Rehabilittare)

Cárie de raiz

A recessão gengival expõe a superfície radicular, favorecendo a instalação de cárie.

O fluxo salivar reduzido agrava o quadro, e a progressão costuma ser rápida, especialmente em pacientes com higiene deficiente.

A abordagem deve incluir controle de biofilme, fluorterapia, restaurações adequadas e monitoramento regular.

Em idosos dependentes, o risco é ainda maior, exigindo protocolos intensificados.

Xerostomia

A xerostomia é uma das queixas mais frequentes entre idosos, frequentemente associada a polifarmácia.

A saliva reduzida compromete mastigação, deglutição, fonética e imunidade oral.

O tratamento envolve estímulo salivar, revisão medicamentosa, saliva artificial e hidratação frequente.

Além disso, o profissional deve orientar alimentos menos irritantes e evitar substâncias que aumentam a secura bucal.

Idoso bebendo água. Algo importante para saúde bucal do idoso.
A xerostomia é comum em idosos devido ao uso de medicamentos e doenças crônicas, aumentando o risco de cáries radiculares, infecções fúngicas e desconforto ao falar ou mastigar. (Reprodução/IStock)

Periodontite

A periodontite apresenta alta prevalência na terceira idade devido ao acúmulo de biofilme, imunoenvelhecimento e presença de doenças sistêmicas, como diabetes.

A perda óssea tende a progredir rapidamente se não houver acompanhamento.

Por isso, o dentista deve realizar raspagens periódicas, manutenção rigorosa e orientações adaptadas.

Em casos avançados, a reabilitação protética deve considerar perdas estruturais extensas.

Câncer de boca

O câncer bucal apresenta maior incidência após os 60 anos.

Fatores como tabagismo, etilismo, exposição solar cumulativa e próteses mal adaptadas aumentam o risco.

Toda lesão persistente deve ser investigada, especialmente áreas ulceradas que não cicatrizam em até 14 dias.

A detecção precoce aumenta de forma significativa as chances de tratamento bem-sucedido, reforçando a importância dos exames periódicos.

Paciente com lesão de câncer bucal.
O câncer de boca apresenta maior incidência em idosos, sendo essencial o diagnóstico precoce por meio de exames clínicos regulares e orientações preventivas. (Reprodução/Tribuna Hoje)

A saúde bucal do idoso exige atenção diferenciada, manejo clínico cuidadoso e uma visão ampliada dos fatores sistêmicos que influenciam a cavidade oral.

Quando o dentista compreende essas necessidades, consegue oferecer tratamentos mais seguros, preventivos e humanizados, promovendo qualidade de vida e autonomia ao paciente.

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Referências:

https://www.mpba.mp.br/sites/default/files/biblioteca/direitos-humanos/direitos-da-pessoa-idosa/ilpi039s/cartilha_orientacoes_saude_bucal_ilpis_0.pdf

https://www.dentaloffice.com.br/tudo-sobre-odontogeriatria

https://viverbem.unimedbh.com.br/qualidade-de-vida/saude-bucal-do-idoso

https://sorridents.com.br/blog/conheca-5-doencas-bucais-em-idosos-que-sao-muito-comuns/

https://equipeesperancaevida.com/saude-bucal-do-idoso/

*O texto acima não foi escrito por cirurgião dentista, portanto a EAP não se responsabiliza pelas informações, uma vez que não possuem caráter científico.

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