Segundo dados da OMS, nos últimos 40 anos, o número de pessoas com diabetes no mundo quadruplicou. Venha entender como é o tratamento de pacientes diabéticos na odontologia.
A diabetes, enquanto comorbidade, chamou bastante atenção por ser fator de risco para agravamento dos quadros de COVID, na pandemia.
No entanto, a diabetes ainda não é amplamente diagnosticada, já que estima-se que 40% das pessoas que têm a doença ainda não sabem.
Somado ao número de casos identificados, a diabetes torna-se uma doença alarmante.
Os riscos para a saúde atribuídos a ela são inúmeros, tendo sido causa de 5% dos casos anuais de morte em todo o mundo.
Quando a doença não está controlada, traz complicações renais, do aparelho circulatório, problemas de visão, infecções por fungos e bactérias e também problemas bucais.
O artigo que trazemos agora fala especialmente sobre esse último ítem e se você quer saber qual a relação e como tratar pacientes diabéticos no consultório odontológico, continue a leitura.
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Qual a importância da atenção em pacientes diabéticos na odontologia?
Como já mencionamos, quando não controlado, o diabetes pode causar diversos problemas para o organismo. Um deles é a diminuição do fluxo salivar.
Por que isso é um problema? Dentistas explicam que a saliva é muito importante em diversos aspectos, um deles a manutenção da temperatura bucal.
Quando essa temperatura está desregulada, cria-se um ambiente propício à proliferação das bactérias. O que pode causar mau hálito, infecções, cáries, entre outros problemas.
Impacto da diabetes na saúde bucal
Além do controle da temperatura na boca, também é na saliva que inicia-se o processo de digestão através das enzimas presentes.
Quando há pouca saliva, consequentemente, poucas enzimas estarão disponíveis para ajudar na digestão, sobrecarregando o sistema digestivo.
Ainda como consequência da redução da quantidade de saliva em diabéticos, é possível que a pessoa desenvolva, a partir disso, casos de gengivite. Aparentemente comum, a gengivite pode causar sérios problemas.
Sangramento nas gengivas, partos prematuros, baixo peso em neonatos e até uma infecção chamada endocardite bacteriana, que se manifesta como uma inflamação das válvulas cardíacas.
Todas consequências da diabetes, assim como a doença periodontal, que também pode ser decorrente do quadro de pacientes diabéticos.
Uma outra complicação para os diabéticos é a cicatrização mais lenta que, no caso de cirurgias e implantes, por exemplo, pode comprometer os tecidos ósseos e provocar sangramentos mais intensos.
Qual a diferença entre diabetes tipo 1 e 2?
No primeiro caso, no diabetes tipo 1, ocorre redução ou falta de produção de insulina.
Já no segundo, o organismo desenvolve uma resistência à ação desse hormônio.
Essa é a diferença básica. O tipo 1 não pode ser prevenido, não tem ligação com alimentação ou hábitos de vida.
Normalmente é um problema desenvolvido pelo organismo ou com algum nível de hereditariedade.
Neste tipo de diabetes, o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina.
Assim, o organismo gradativamente perde sua capacidade de metabolizar a glicose.
Já o diabetes do tipo 2 pode ser evitado, pois se desenvolve em função de hábitos inadequados, como alimentação desregrada e sedentarismo.
Diabetes e saúde bucal
Conforme já informamos aqui, há relação estreita entre a condição da saúde bucal e a diabetes. Observe a seguir.
Relação entre diabetes e doenças periodontais
Já falamos aqui no blog anteriormente sobre as doenças periodontais, que prejudicam a estrutura dos dentes e pode resultar na sua perda, quando não tratada.
Essas doenças se manifestam com mais frequência em pacientes diabéticos em comparação com aqueles que não apresentam a doença.
Influência do controle glicêmico na saúde oral
As alterações provocadas pelo diabetes podem comprometer a mastigação, a fala, a estética e a qualidade de vida dos pacientes.
Conforme mencionamos, há diversas complicações bucais relacionadas à doença.
Por isso, é fundamental que os pacientes com diabetes mantenham um bom controle do nível de glicose no sangue.
Isso pode ser alcançado com uma alimentação saudável, atividade física regular, uso de medicamentos prescritos pelo médico e monitoramento frequente da glicemia.
O controle glicêmico e a saúde oral são aspectos interrelacionados na vida dos pacientes com diabetes.
Um bom controle glicêmico pode prevenir ou reduzir as complicações orais do diabetes, e uma boa saúde oral pode contribuir para um melhor controle glicêmico.
Coleta de informações sobre o histórico médico e controle da diabetes
É preciso que, antes da consulta, o dentista faça um questionário preciso e obtenha informações sobre o estado de saúde, incluindo o diagnóstico de doenças como o diabetes.
O dentista, inclusive, deve pedir uma bateria de exames antes de qualquer procedimento. Como exame de sangue completo e radiografia panorâmica para avaliar se há comprometimento periodontal.
Por incrível que pareça, isso pode até fazer com que um paciente descubra o quadro, provocado pelos questionamentos do dentista.
Já sabendo que existe a doença, é preciso saber de que tipo é, se está controlado, se toma insulina e em que horários toma.
Em qualquer procedimento como cirurgias ou consultas longas, o paciente deve medir a glicemia anteriormente.
Planejamento do tratamento odontológico
O planejamento é fundamental no caso do atendimento a pacientes diabéticos e deve ser pensado levando-se em consideração a condição em que a pessoa se encontra.
O início desse planejamento é o contato telefônico para agendar a consulta. Através dele, informações importantes são obtidas.
Caso o paciente, de antemão, informe que é diabético, a consulta pode ser agendada preferencialmente na parte da manhã, quando a insulina está sendo secretada em maior quantidade pelo organismo.
Outro cuidado é evitar consultas longas ou, caso não tenha jeito, ter alimentos leves que possam ser oferecidos ao paciente em caso de hipoglicemia.
Considerações especiais para pacientes diabéticos
O tratamento odontológico só pode ocorrer se o nível de glicose no sangue estiver controlado.
Estando abaixo de 70 ou acima de 300, em primeiro momento, o paciente deve ser encaminhado ao médico.
Só após o controle da glicemia, poderá retornar ao consultório odontológico para o tratamento.
Coordenação com a equipe médica para controle da glicemia durante o tratamento
Conforme mencionamos, o tratamento não pode ser iniciado caso o paciente esteja com a doença descontrolada.
Por isso, é importante que o paciente tenha seus médicos de confiança e possa realizar um tratamento para controle.
A articulação entre o dentista e o médico poderá ajudar no processo e garantir que esteja tudo correto antes do tratamento odontológico.
Até mesmo porque a doença periodontal, por sua vez, também favorece o aumento da glicemia no paciente diabético, então um impacta o outro.
Gerenciamento da xerostomia
A xerostomia (ou boca seca) é exatamente o mau funcionamento das glândulas salivares ou interrupção da produção de saliva. Causa muito desconforto e diversos problemas bucais.
Falamos anteriormente sobre essa condição que, em muitos pacientes, está associada à diabetes.
Impacto da diabetes na salivação
Diabetes e boca seca tem relação íntima. Duas das principais causas de boca seca para os diabéticos são os efeitos colaterais dos medicamentos e os níveis elevados de açúcar no sangue.
Além do seu papel no processo da digestão dos alimentos, a saliva lava as partículas de alimentos e bactérias para fora de seus dentes e neutraliza os ácidos, ajudando a prevenir a cárie e doenças gengivais.
Portanto, a falta de saliva aumenta o risco de cárie e gengivite. Esta condição também pode levar a outros problemas, incluindo infecções nas glândulas salivares, lesões bucais, infecções por fungos (candidíase bucal) e irritação em torno dos cantos da boca.
Cuidados pós-tratamento
Além dos medicamentos usados durante o tratamento, que podem ser diferentes dos medicamentos para pacientes sem a condição, após o tratamento, caso tenha sangramentos, pode ser necessário administrar antibiótico ou iniciar uma terapia profilática ou terapêutica.
Instruções sobre higiene bucal adequada
Para todas as pessoas, a higiene bucal é essencialmente importante. No caso dos diabéticos, a higienização correta ainda previne as doenças causadas pelos níveis altos de glicose no sangue.
Quando falamos que é ainda mais importante, o motivo é que essas condições nos diabéticos são efetivamente mais agressivas e, por isso, devem ser evitadas a todo custo.
O dentista poderá orientar corretamente sobre como fazer a higiene, dando dicas sobre escovação, fio dental, raspadores de língua e enxaguantes.
É importante lembrar que os diabéticos devem priorizar escovas com cerdas macias e cabeça redonda.
Acompanhamento regular para prevenir complicações
As visitas regulares ao dentista são muito importantes para os diabéticos.
Normalmente, a orientação é que, além da higiene adequada, procurem o consultório odontológico em um intervalo de, no máximo, seis meses.
A diabetes é uma condição de saúde que causa diversos incômodos, restrições e condições de saúde.
Para as questões bucais, é um fator que desencadeia questões sérias e, por isso, deve estar sempre controlada.
Ao longo do texto, muitas informações e dicas de grande valor foram compartilhadas.
Esperamos que tenha contribuído para aumentar o entendimento sobre essa doença, como ela impacta na saúde bucal e como fazer um tratamento personalizado para clientes com essa condição.
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*O texto acima foi preparado a partir de muita pesquisa para ajudar nas suas dúvidas. Porém, não foi escrito por um dentista, assim a EAP não se responsabiliza pelas informações pois não possuem caráter científico.