08 jun 2023
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Dicas de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais

dentista com paciente criançaa

Pessoas com necessidades especiais podem enfrentar desafios para cuidar da saúde bucal. Por isso, é importante que eles tenham acesso a um atendimento odontológico diferenciado, adequado às suas demandas específicas.

Para as condições físicas, mentais, sensoriais ou sociais que dificultam os cuidados odontológicos convencionais, é necessária uma abordagem diferenciada por parte do dentista.

Nem todos os profissionais são especialistas nesta abordagem, embora no Brasil haja em torno de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, de acordo com o IBGE.

E as deficiências acabam gerando riscos à saúde bucal justamente pelas dificuldades em realizar os cuidados diários.

Neste texto, vamos tratar sobre esse assunto, apresentando conceitos e informações relevantes para que os cirurgiões-dentistas possam lidar melhor com esses pacientes.

Visando orientar os profissionais e os familiares sobre como garantir uma saúde bucal adequada para esse público.

Continue com a gente. Boa leitura!

Leia mais: Como deixar sua clínica de odontopediatria mais atrativa?

criança com deficiência em uma cadeira de rodas especial inclinada no dentista
O atendimento odontológico inclusivo é fundamental para garantir que todas as pessoas, tenham acesso aos cuidados bucais adequados.

 

Quais tipos de pacientes são considerados PNE (Pessoas com Necessidades Especiais)?

As necessidades especiais podem ser de diferentes tipos, mas todos dizem respeito a alguém que precisa de atendimento diferenciado por questões de ordem física, sensorial, mental, comportamental ou de atendimento.

Esse conceito oferece uma pequena distorção em relação à sua nomenclatura porque, diante das necessidades dos pacientes, todos são especiais e devem ser tratados de forma única e personalizada.

No entanto, nos referimos neste artigo a todos que precisam obrigatoriamente de maior atenção por impedimentos da ordem dos que citamos anteriormente.

É possível – e muitos profissionais já fazem isso – usar o termo ‘Pessoa com Deficiência’ para se referir e diferenciar esse público na medida da condição que os identifica.

A seguir iremos relacionar alguns desses casos e seus tipos de abordagem.

consultório odontológico branco
Os profissionais de odontologia devem receber treinamento específico para atender às necessidades de pacientes com deficiência, garantindo um atendimento eficiente e respeitoso.

1- Deficiência física

A deficiência física diz respeito a condições que afetam o funcionamento do aparelho locomotor (sistema ósseo, muscular e nervoso).

A deficiência física pode refletir em limitações na mobilidade, na coordenação e na fala, dependendo da causa e do grau.

Algumas causas possíveis são lesões cerebrais, medulares, neurológicas ou musculares, malformações congênitas ou doenças degenerativas

Entre os problemas orais mais recorrentes, lembrando que nem todos os pacientes com deficiência física estão totalmente impedidos dos cuidados bucais, estão a flacidez da musculatura da língua e o desenvolvimento de infecções fúngicas.

Um exemplo são os pacientes que sofreram acidentes vasculares encefálicos (AVE), que podem desenvolver disfagia, halitose, hipermobilidade da língua, reflexo de vômito protetor, reflexo tussígeno, higiene bucal precária e acúmulo de comida no lado afetado.

Para tratá-los, é necessário conhecer bem o histórico e grau de deficiência, assim como cuidar dos aspectos emocionais em conjunto.

As consultas também devem ser ágeis, de forma a não estressar o paciente.

O consultório também pode precisar ser adaptado com cadeiras que se adequem ao corpo do paciente ou espaço para que pacientes em cadeiras de rodas, por exemplo, possam ser atendidos nela mesma.

Um exemplo importante são os pacientes com paralisia cerebral, que não podem sofrer movimentações bruscas nem usar estímulos que gerem reflexos involuntários.

homem com necessidades especiais sendo auxiliado por outro homem para beber água
A adaptação do ambiente odontológico, como a disponibilidade de rampas de acesso e cadeiras adequadas, é essencial para permitir que pessoas com deficiência possam receber tratamento sem dificuldades. (Reprodução/Freepik)

 

2- Deficiência visual

Os pacientes com algum nível, total ou parcial, de cegueira, não necessariamente dependem dos outros ou têm dificuldades para escovação dos dentes.

No entanto, há alguns cuidados a serem tomados, como usar dedeiras de borracha higienizadoras que o dentista deve ajudar o paciente a usar da melhor forma tal qual o fio dental.

Dessa forma, o treinamento evita que esses processos simples machuquem as gengivas.

Com relação às primeiras consultas, é importante respeitar a deficiência, deixando o paciente se orientar pelos sentidos que lhe são mais aguçados, como o tato e a audição. Essa é uma forma respeitosa de passar confiança ao paciente.

Já no consultório, durante os procedimentos, é importante lembrar de explicar com detalhes tudo que será feito, os materiais que serão utilizados e, especialmente, avisá-los sobre jatos de ar, água e quaisquer outros detalhes para que não seja pego de surpresa.

mulher com deficiência visual andando na rua
Pacientes com deficiência visual devem receber informações por meio de descrições detalhadas e orientações táteis durante o tratamento odontológico. (Reprodução/Freepik)

3- Deficiência auditiva

No caso dessa deficiência, os pacientes são totalmente habilitados para fazer a higiene bucal, no entanto, é necessário encontrar meios de se comunicar e ensinar os procedimentos.

Normalmente, há alguém que faça uma pré-triagem para descobrir se a pessoa com surdez irá levar o intérprete ou se a clínica deverá providenciar.

Se for possível, tenha atendentes que se comuniquem por libras, ao menos um pouco para que os pacientes se sintam mais acolhidos.

O restante da equipe, mesmo que não saiba a linguagem dos sinais, deve estar avisada da chegada desse paciente para evitar constrangimentos.

É importante não esquecer de pedir ao paciente com surdez que tire o aparelho auditivo, se ele estiver usando, haja vista que os sons dos aparelhos podem ser amplificados e incomodá-lo.

E por último, lembre de retirar a máscara para permitir a leitura labial quando for falar alguma coisa.

mulher falando em linguagem de sinais
É importante que os dentistas estejam preparados para se comunicar de maneira clara e acessível, utilizando recursos como linguagem simples, comunicação visual e gestual, para atender pacientes com deficiência auditiva.

4- Deficiência intelectual

A deficiência intelectual se define por capacidade significativamente reduzida de compreender informações novas ou complexas e de aprender e aplicar novas habilidades, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Há diversas causas para a condição, desde fatores genéticos até processos infecciosos.

No caso das manifestações bucais, o nível de problemas apresentados também decorre do grau de deficiência que a pessoa apresenta.

O comprometimento neuropsicomotor exige que o paciente seja acompanhado por cuidador que esteja atento à sua higiene oral.

Cáries, gengivites, maloclusões, trauma oclusal, bruxismo e xerostomia são comuns nesses pacientes.

Muitos pacientes podem realizar sua limpeza dental e conseguem compreender as informações passadas pelo dentista. No entanto, para os que não podem, é necessário ter bastante entendimento com pais e cuidadores.

Os medicamentos que esses pacientes tomam podem interferir na saúde bucal, portanto, é muito importante saber todas as informações na anamnese. Comorbidades também devem ser pesquisadas.

Para o atendimento, é possível usar um método “dizer-mostrar-fazer” em pacientes com boa condição cognitiva.

Naqueles com comportamentos bruscos ou agressivos, após a autorização dos responsáveis, pode ser necessário utilizar a estabilização protetora a fim de manter a sua segurança.

mulher sendo atendida no dentista
Profissionais de odontologia devem estar cientes das diferentes necessidades de pacientes com deficiência intelectual e adaptar sua abordagem para proporcionar um atendimento confortável e seguro.

Como adequar o consultório de maneira inclusiva?

Algumas leis devem ser seguidas para garantir a acessibilidade e a inclusão nos consultórios, como:

  • Lei 10.048 e o decreto Nº5.296 (estabelecem critérios gerais para acessibilidade, incluindo a remoção de barreiras arquitetônicas, adaptação de banheiros e vagas de estacionamento prioritárias)
  • Lei Nº 13.146 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) ou Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015), que garante à PcD a não-discriminação, a acessibilidade, o atendimento prioritário, dentre outros direitos.

Confira a seguir algumas formas de transformar o consultório para a inclusão.

Acessibilidade arquitetônica

Adaptações físicas para garantir o acesso a todos, incluindo os cadeirantes. Rampas de acesso e elevadores podem ser necessários.

Equipamentos e tecnologias

Começando pela cadeira do dentista, que deve ser livre de obstáculos, os equipamentos devem ser ajustados para a altura do paciente.

Sinalização e orientação

É importante que haja sinalização adequada, visando garantir a navegação e a compreensão do ambiente do consultório.

placa de pessoas com deficiência
É essencial garantir a acessibilidade dos consultórios odontológicos, oferecendo instalações sanitárias adaptadas e espaços amplos o suficiente para acomodar cadeiras de rodas e equipamentos auxiliares.

Quais as manifestações bucais mais comuns em pacientes com deficiência?

Os pacientes com deficiência podem apresentar diversas alterações bucais relacionadas à sua condição, que podem afetar a sua saúde e qualidade de vida. Confira os principais a seguir.

Impacto da deficiência na saúde bucal: Problemas dentários comuns

Alguns problemas mais comuns são cárie dentária, já que a higiene bucal pode ser dificultada pela falta de coordenação motora, resistência ao manuseio ou pela dependência de cuidadores.

Além disso, alguns medicamentos podem causar xerostomia (boca seca), que aumenta o risco de cárie.

As doenças periodontais, com inflamação e sangramento das gengivas  também podem ocorrer. A maloclusão pode ser decorrente dos fatores genéticos, ambientais ou comportamentais, causando problemas na mastigação, fala e estética.

Em alguns pacientes, há maior risco de trauma dentário, com fraturas e avulsões.

Cuidados preventivos específicos: Orientações para evitar complicações

A odontologia para pacientes com deficiência primeiramente gira em torno de formas de prevenção, por meio de diálogo, contato e incentivo à participação nos próprios cuidados.

Dessa forma, é criado um vínculo com paciente e familiares, o que traz confiança e maior possibilidade de cooperação.

homem idoso sendo ajudado a andar em consultório
O uso de materiais odontológicos adaptados, como escovas de dentes com cabos mais longos ou adaptadores para facilitar o manuseio, pode ajudar pacientes com deficiência motora a manter uma higiene bucal adequada.

O que perguntar na anamnese de pacientes com deficiência?

A equipe odontológica precisa compreender todas as especificidades da vida do paciente, observando a sua realidade, história e as limitações que apresenta tanto física quanto psicologicamente.

Sendo assim, a anamnese ganha uma nova importância, sendo crucial para entender pontos essenciais para o diagnóstico.

Como preparar seu filho com deficiência para a consulta odontológica?

A abordagem do atendimento ao paciente PcD deve ser diferenciada pelo uso de técnicas de manejo, que são excelentes para estimular a cooperação do paciente.

Normalmente, as abordagens são distração, reforço positivo, controle de voz, técnica Dizer-Mostrar-Fazer e modelação.

Familiarização prévia: Estratégias para acostumar com o ambiente do consultório

É interessante fazer uma visita prévia ao consultório para que seu filho se familiarize com o ambiente, a equipe e o dentista.

Se possível, peça ao dentista para mostrar os equipamentos e deixar seu filho tocá-los ou experimentá-los.

Comunicação: Explicar o procedimento de forma adequada e tranquilizadora

Neste ponto, é importante explicar o que vai acontecer na consulta de forma simples e positiva, seja usando livros ou brinquedos. Como mencionamos anteriormente, mostrar os equipamentos é bastante interessante também.

filha sentada no colo da mãe em consulta com dentista
O atendimento odontológico para pessoas com deficiência deve ser baseado em um plano de tratamento individualizado, considerando suas necessidades específicas e colaborando com outros profissionais de saúde, quando necessário.

Ao longo do texto, pudemos entrar um pouco mais no universo da odontologia inclusiva e observamos dicas de odontologia para pacientes com necessidades especiais.

A escolha do profissional, a preparação do ambiente e material adequados, uma comunicação assertiva e, especialmente, o respeito e empatia são imprescindíveis para oferecer um atendimento odontológico de qualidade e humanizado para esse público tão especial.

Esperamos que o artigo tenha sido esclarecedor, temos muitos outros em nosso blog, da EAP Goiás. Acesse!

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*O texto acima foi preparado a partir de muita pesquisa para ajudar nas suas dúvidas. Porém, não foi escrito por um dentista, assim a EAP não se responsabiliza pelas informações pois não possuem caráter científico.

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